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Engenheiros do Hawaii
Trajetória
Os Primeiros Anos
(1985 – 1989)
Quatro estudantes da
Faculdade de Arquitetura da UFRGS -
Humberto Gessinger (vocal e
guitarra), Carlos Maltz (bateria),
Marcelo Pitz (baixo) e
Carlos Stein (guitarra) - resolveram
formar uma banda apenas para uma apresentação em um festival da
faculdade, que aconteceria por protesto à paralisação de aulas.
Escolheram o nome Engenheiros do
Hawaii para satirizar os estudantes de
engenharia que andavam com bermudas de surfista, com quem tinham uma
certa rixa.
Começaram a surgir propostas para novos shows e, após, algumas
apresentações em palcos alternativos de Porto Alegre
juntamente com uma série de shows pelo
interior do Rio Grande do Sul.
A banda, em menos de quatro meses de carreira já consegue gravar duas
músicas na coletânea Rock Grande do Sul (1985)
com diversas bandas gaúchas, em razão de
uma das bandas vencedoras do concurso ter desistido da participação do
álbum na última hora.
Quando a banda seguiu com seus ensaios, durante a greve da faculdade,
Carlos Stein realizou uma viagem,
o que acabou inviabilizando sua permanência no grupo, e, tempos depois,
ele passa a integrar a banda Nenhum de Nós.
Meses passaram, e os Engenheiros
do Hawaii gravam o seu primeiro álbum:
Longe Demais das Capitais, em
1986. O norte musical do disco apontava para um som voltado à música
pop, muito próximo ao ska de bandas como o The Police
e o Paralamas do Sucesso.
Destacam-se as canções "Toda Forma
de Poder" e "Segurança",
que foram temas de novela, além de "Sopa de Letrinhas"
e "Longe Demais das Capitais".
Antes de começarem as gravações do segundo disco, Marcelo Pitz
deixa a banda por motivos pessoais. Com
Gessinger assumindo o baixo,
entra o guitarrista Augusto Licks,
que havia trabalhado com Nei Lisboa,
conhecido músico gaúcho.
Os Engenheiros lançam o disco A Revolta dos Dândis,
em 1987. A banda muda o direcionamento temático, iniciando uma trilogia
baseada no rock progressivo, com discos com repetições de temas gráficos
e musicais e letras em que ocorre a auto-citação.
Os arranjos musicais são influenciados
pelo rock dos anos 60, as letras são críticas, com ocorrência de várias
antíteses e paradoxos e aparecem citações literárias de filósofos, como
Camus e Sartre.
Destaque para os hits "Infinita
Highway", "Terra de Gigantes",
"Refrão de Bolero" e a faixa
título, dividida em duas partes. Começam os shows para grandes platéias
nos centros urbanos do país, como o festival Alternativa Nativa,
realizado entre 14 e 17 de junho de 1987. A partir desta data, os
Engenheiros encheriam ginásios e estádios pelo Brasil afora. Porém,
houveram polêmicas em que a banda chegou a ser acusada de elitista e
fascista pelas idéias de suas letras.
As polêmicas se intensificaram quando
membros da banda se apresentaram com camisetas estampadas com a
Estrela de Davi e a cruz suástica
nazista.
O disco seguinte, Ouça o que Eu Digo: Não Ouça Ninguém,
de 1988, pode ser visto como uma continuidade do anterior, tanto pelo
trabalho da capa do álbum como pelo tema e estilo de suas canções.
Destaque para as músicas "Somos
Quem Podemos Ser", "Cidade em
Chamas", "Tribos & Tribunais",
a faixa-título e "Variações Sobre o Mesmo Tema",
esta última uma homenagem à banda Pink Floyd,
com sua estética progressiva e dividida em três partes.
O álbum também marca a saída dos
Engenheiros da cidade de Porto
Alegre, indo morar no Rio de
Janeiro.
Consolidada a nova formação, os Engenheiros lançam Alívio
Imediato, de 1989, quarto disco da banda
e o primeiro registro "ao vivo".
Suas canções mostram uma retrospectiva de suas principais canções e as
novas perspectivas a serem incorporadas, em especial o som mais
eletrônico, presente na faixa título e na música "Nau à Deriva",
ambas gravadas em estúdio e as demais gravadas ao vivo no Canecão, no
Rio de Janeiro.
Mudança
para o Rio de Janeiro (1990 – 1993)
O disco seguinte, O Papa é Pop,
de 1990 consolida a mudança de sonoridade da banda.
Puxados pelo sucesso "Era Um
Garoto Que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones",
regravação de uma velha canção do grupo Os Incríveis,
e a faixa-título, o quinto disco dos Engenheiros investe no som
progressivo, calcado nos solos de guitarra de Licks
e em uma base mais eletrônica de teclados
e bateria.
Gessinger passa a assumir também os
teclados da banda e começam a
surgir as baladas "piano e voz" da
banda. São dele as canções "A Violência Travestida Faz Seu
Trottoir", "O Exército de Um Homem
Só" (dividida em duas partes), "Pra
Ser Sincero" e "Perfeita Simetria".
Em meio aos novos sucessos, uma antiga
canção, "Refrão de Bolero",
oriunda do segundo disco, "A Revolta dos Dândis",
também era bastante executada pelas rádios. Aclamados pelo público e
massacrados pela crítica, os Engenheiros do Hawaii consagram-se no
Rock in Rio II, arrancando elogios
do jornal americano New York Times,
apesar de ignorados pela Folha de São Paulo.
O ano de 1991 marca o lançamento do sexto disco, Várias Variáveis,
que completa a trilogia iniciada no segundo e terceiro discos da banda.
Há redução dos efeitos eletrônicos e a retomada de um som mais
rock'n'roll, mas não repete o mesmo
sucesso do anterior, mesmo tendo a canção "Herdeiro da Pampa
Pobre", regravação de um antigo sucesso
de Gaúcho da Fronteira, bastante executada nas rádios.
Este é um dos discos que contém as
melhores letras do grupo, porém, o som não é o forte do álbum, sendo o
mesmo questionado hoje até pelo próprio Gessinger.
Pode-se dizer que foi um disco seminal,
pois canções como "Piano Bar", "Muros
& Grades" e "Ando Só",
em regravações em outros discos, estabeleceram-se como algumas das
melhores da banda.
No ano seguinte, 1992, é lançado o sétimo disco, Gessinger,
Licks e Maltz,
ou GLM, inspirado no famoso
logotipo ELP de Emerson,
Lake & Palmer. O som continua mesclando
elementos de MPB e rock progressivo, com destaque para as canções "Ninguém
= Ninguém", "A Conquista do Espaço",
"Pose (Anos 90)" e "Parabólica",
canção que Gessinger fez em homenagem a sua filha Clara, nascida em
fevereiro do mesmo ano.
O oitavo disco dos Engenheiros é o semi-acústico Filmes de
Guerra, Canções de Amor, de 1993, gravado
ao vivo na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro. A banda considerava
este disco como acústico, pois condicionava tal formato à ausência de
bateria e às guitarras semi-acústicas.
Na época não existia a febre de acústicos
gravados pelos grandes nomes nacionais, o que denota o caráter
visionário da banda.
O disco foi gravado ao vivo por uma
decisão da banda de gravar um álbum ao vivo a cada três álbuns, uma
idéia da banda Rush, que faz o mesmo. Com guitarras acústicas,
percussão, piano, acordeão e participação da Orquestra Sinfônica
Brasileira em três faixas, regida por Wagner Tiso,
as velhas canções – como "Muros & Grades",
"O Exército de Um Homem Só" e "Crônica"
– e novas composições – como "Mapas do Acaso"
e "Quanto Vale a Vida?", ganharam
arranjos que apontavam para o blues, a música folclórica gaúcha e a
erudita, ressaltando a excelente qualidade das letras dos Engenheiros do
Hawaii.
A banda chegou a participar, ainda no
mesmo ano, do festival Hollywood Rock Brasil,
junto com os brasileiros do Biquini Cavadão,
De Falla, Dr. Sin e
Midnight Blues Band. Entretanto não foram
bem recepcionados e receberam muitas vaias. Eles se apresentaram no
mesmo dia de L7 e Nirvana.
Tempos
de Tempestade (1994 – 1996)
O ano de 1993 marca também a primeira
excursão dos Engenheiros pelo Japão
e Estados Unidos da América.
Porém, no final deste mesmo ano, discussões e rixas internas acabaram
por resultar na saída do guitarrista Augusto Licks.
Inicia-se uma longa disputa jurídica pela marca "Engenheiros
do Hawaii", tendo Gessinger
e Maltz finalmente ficado com o
nome da banda.
O passo seguinte foi remontar os Engenheiros, com a entrada do
guitarrista Ricardo Horn. Como
ao vivo a coisa não ficou a contento, posteriormente, também ingressam
na banda: Paolo Casarin (acordeão
e teclados) e o guitarrista Fernando Deluqui
(ex-RPM).
Após dois anos sem gravar, os
Engenheiros lançam o álbum Simples de Coração,
em fins de 1995. O som é mais pesado, com climas regionais gaúchos dados
pelo acordeão de Casarin. Destaque
para as canções "A Promessa", "A
Perigo", "Lance de Dados",
"Ilex Paraguariensis" e "Simples
de Coração". Havia ainda a canção "O
Castelo dos Destinos Cruzados", em que o
baterista Maltz assume os vocais.
O disco Simples de Coração também teve uma versão em inglês, que não
chegou às vendas. Os fãs mais assíduos têm apenas as MP3s.
Gessinger Trio (1996 – 1997)
Paralelamente às gravações do
Simples de Coração, Gessinger
monta o trio "33 de Espadas", para
tocar música instrumental. Ao fim da turnê de Simples de Coração, a
banda passou por uma grave crise, pois a formação "quinteto"
era temporária.
Longe do sucesso de outros tempos, os
Engenheiros começam a pensar em seguir outros caminhos.
O "33 de espadas" faz sua estréia
já com a formação que viria se chamar "Gessinger Trio",
tendo Luciano Granja na guitarra e
Adal Fonseca na bateria. O grupo
lançou o disco, também intitulado "Gessinger Trio" (HG3),
em 1996. O clima enxuto do disco, basicamente com bateria, baixo e
guitarra, lembra os primeiros trabalhos de Gessinger,
como exemplificam as canções "Vida Real",
"Freud Flintstone", "De Fé"
e "O Preço".
Paralelo à esse fato, Carlos Maltz
envolve-se numa trilha mística e resolve abandonar os Engenheiros. A
partir daí, o baterista monta o grupo "A Irmandade".
Durante a turnê do Gessinger Trio,
há uma constante troca de nome das bandas. Os shows que deveriam ser
anunciados como HG3 ainda eram
apresentados como Engenheiros do Hawaii.
A verdade é que para um produtor anunciar um show dos Engenheiros
do Hawaii, banda nacionalmente conhecida
era muito mais fácil e rentável que apresentar como Gessinger
Trio, nome absolutamente desconhecido.
Reconhecendo que era inviável seguir com o nome da nova banda,
Gessinger volta a admitir-se como
engenheiro do Hawaii. Para que haja
alguma diferença entre o Gessinger
Trio e o "novo" engenheiros do Hawaii,
ele convida Lúcio Dorfmann a
assumir os teclados do grupo, configurando um novo som ao grupo, bem
próximo ao pop que predominava no mercado musical da época.
A
Volta dos Engenheiros (1997 – 2001)
O disco Minuano,
de 1997, marca a volta dos Engenheiros com este nome.
O disco, que mescla influências regionalistas, tecnologia e que conta
com arranjos de violino que lembram o folk,
tornam este o disco mais leve e com a sonoridade mais vaga da banda.
Emplaca o sucesso "A Montanha",
além de outras belas canções como "Nuvem",
"Faz Parte" e "Alucinação",
uma cover para uma antiga canção de Belchior.
O disco seguinte, Tchau Radar!,
de 1999, exibe um Engenheiros mais maduro, onde as influências musicais
da banda ficam mais evidentes (folk rock, rock'n roll dos anos
60, rock progressivo e MPB) com belas
composições de Gessinger, como "Eu
Que Não Amo Você'", "Seguir Viagem"
e "3X4" além de duas covers: "Negro
Amor" ("It's All Over Now Baby Blue", de
Bob Dylan) e "Cruzada"
(de Tavinho Moura e Marcio Borges),
esta contando com arranjos de orquestra, como é comum em várias faixas
do álbum.
Da turnê de Tchau Radar!, surgiu o
terceiro disco "ao vivo" da banda,
e o décimo segundo de sua carreira: 10.000 Destinos.
Novamente, Gessinger repassa o
repertório consagrado da banda em novas versões divididas em um set
acústico e um elétrico e conta com a participação de Paulo
Ricardo, cantando "Radio pirata"
do RPM, e do gaiteiro
Renato Borghetti nas canções "Refrão
de um Bolero" e "Toda Forma de
Poder".
Como faixas-bônus, gravadas em estúdio,
acompanham as inéditas "Números" e
"Novos horizontes", além do cover
"Quando o Carnaval Chegar", de
Chico Buarque.
Este álbum também rendeu o primeiro DVD e
terceiro VHS da banda, também intitulado 10.000 destinos.
Alguns meses após a apresentação no Rock in Rio III,
Lúcio, Adal
e Luciano saem da banda e montam
outro grupo, a Massa Crítica,
mudando novamente a formação dos Engenheiros.
"10.001
Destinos",
"Surfando Karmas & DNA" e
"Dançando no Campo Minado" (2001 – 2004)
Lúcio, Adal
e Luciano são substituídos por
Paulinho Galvão (guitarra),
Bernardo Fonseca (baixo) e Gláucio
Ayala (bateria). Gessinger
volta a tocar guitarra, após 14 anos responsável pelo contrabaixo dos
Engenheiros.
Com essa nova formação eles regravam algumas músicas da banda e lançam
uma re-edição de seu último disco, agora intitulado 10.001
Destinos. Duplo, traz as mesmas faixas do
disco precursor, e novas versões de estúdio das canções "Novos
Horizontes", "Freud Flinstone",
"Nunca Se Sabe", "Eu Que
Não Amo Você", "A Perigo",
"Concreto e Asfalto" e "Sem
você (É Foda!)".
Começava com esta formação, seguindo novamente o mercado musical (quando
bandas mais pesadas começaram a ter mais espaço), de som mais limpo e
pesado. Isso se confirma em 2002, com o lançamento do disco
Surfando Karmas & DNA, disco que
consolida a nova fase da banda, e que tem a participação especial do
ex-Engenheiros Carlos Maltz na
faixa "E-stória".
São destaques do disco a faixa título e
as canções "Terceira do Plural", "Esportes
Radicais", "Ritos de Passagem"
e "Nunca Mais". Há influência do
punk rock e pop rock nas novas canções.
O disco seguinte, Dançando no Campo Minado,
de 2003, mantém a regra: sonoridade muito similar ao seu antecessor com
músicas curtas, guitarras pesadas e poesia crítica de Gessinger
denunciando os males da globalização,
da desilusão política e ideológica e da guerra, nas canções "Fusão
a Frio", "Dançando no Campo Minado",
"Dom Quixote" e "Segunda
Feira Blues" (partes I e II, esta última
novamente com a participação de Carlos Maltz),
porém, convivendo com um certo otimismo na parte mais emotiva da vida.
Emplaca nas rádios a canção Até o Fim.
"Acústico MTV" (Turnê Acústica) (2004 – 2006)
Para comemorar os vinte anos de banda, completados em 2005, os
Engenheiros do Hawaii lançaram o CD e DVD Acústico MTV.
O acústico tem as participações especiais dos músicos Humberto
Barros (órgão hammond) e
Fernando Aranha (violões). Este
último já havia feito uma participação especial, tocando uma música do
CD dançando no campo minado.
O acústico conta com a participação especial de Carlos Maltz, que divide
a voz com Gessinger na canção "Depois de Nós",
de sua própria autoria. O disco conta com a participação de Clara,
filha do vocalista, na canção "Pose"
(executada com grande parte da letra cortada, fato que se repete na
história da banda). Também são gravadas canções do Gessinger Trio como "O
Preço" e "Vida Real"
(esta última música de trabalho). Por fim, acrescentam-se ainda as
canções inéditas "Armas Químicas e Poemas"
e "Outras Freqüências".
Fernando Aranha, assume o posto de
guitarrista da banda. Humberto Barros,
que não seguiu na turnê com os Engenheiros porque tinha compromisso com
o Kid Abelha, foi substituído pelo
jovem músico Pedro Augusto nos
teclados. Este acaba sendo efetivado no disco seguinte.
"Novos
Horizontes - Acústico II" (2007)
O novo disco foi gravado nos dias 30 e 31
de maio de 2007, em São Paulo, no Citibank Hall, e foi lançado em agosto
de 2007 com nove faixas inéditas, além de nove regravações.
O disco quebrou a seqüencia de a cada 3
discos em estúdio, ser gravado um "ao vivo".
Também foi palco de novas experiências
para Gessinger, como a viola
caipira que usa em algumas músicas do álbum. Segundo ele, se tivesse que
rever todas as obras dos Engenheiros do Hawaii, 'Novos Horizontes'
é o que não mexeria em nada. Destaque maior para as faixas inéditas "Guantánamo",
"Coração Blindado", "No
Meio de Tudo, Você" e "Quebra
Cabeça".
No fim de 2007, o então baixista Bernardo Fonseca
sai da banda e Humberto Gessinger
assume o baixo. Desde então a banda
voltou a utilizar guitarras em seus shows.
No ano de 2008, após shows pelo Brasil inteiro, a banda termina a turnê
acústica, começada em 23 de julho de 2004 com o lançamento do
Acústico MTV,
Junto com a turnê termina, pelo menos temporariamente, os
Engenheiros do Hawaii.
O vocalista e líder da banda,
Humberto Gessinger deu uma declaração no
[www.engenheirosdohawaii.com.br], site oficial do grupo, que os planos
de retorno da banda são somente no ano de 2010, quando serão comemorados
os 25 anos dos Engenheiros.
Neste intervalo Gessinger se
dedicará ao Pouca Vogal, parceria
com Duca Leindecker, vocalista do
Cidadão Quem. Juntos eles cantam
novas baladas e grandes sucessos de suas bandas.
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