Carlos Eduardo Cardoso
O "paraíba"* engabelou os Americanos
Quem jamais
poderia supor que um “paraíba” analfabeto pudesse dar
a volta nos poderosos americanos. Para quem tem olhos para ver, é
o que está a acontecer. Com perdão da rima pobre.
O Lula
foi a Teerã com a conversa oficial de costurar um acordo de
pacificação da questão nuclear. Até aí todo mundo sabe, o que
pouca gente tomou conhecimento foi que também foram assinados
acordos de cooperação em diversas áreas, inclusive a petrolífera.
Quando se
pensa que o Irã é a segunda maior reserva de petróleo do
mundo, atrás apenas da Arábia Saudita - que é um paraíso
americano -, e é vizinho do Iraque - inferno político dos
americanos, mas paraíso para as empresas do Sr. Bush e camarilha
– a costura política do “paraíba” para além de
astuciosa, é genial. Assim como também o é a aliança com
o Chávez, dono dos poços da Venezuela.
Há tempos que
o “paraíba” vem dizendo que o Século XXI será o
Século do Brasil. Confesso que sempre entendi essa afirmativa
como mero arroubo do discurso político. Mas analisando o
desenrolar dos fatos, do direcionamento da política externa do
Brasil, começo a mudar de ideia.
O Brasil,
com a descoberta do pré-sal, está entrando para o clube dos
maiores produtores de petróleo do planeta. O país tem um dos
maiores, se não o maior dos, potenciais de energia hidráulica do
mundo; tem o etanol e o gás natural que, juntos, o
credenciam a se tornar a maior potência energética do planeta. Não
percamos de vista que grande parte é de energia limpa, e
ainda não falamos na energia eólica e na biomassa.
Com o advento
da crise econômica de 2008, as fragilidades das grandes
potências estão cada vez mais expostas. A nova ordem mundial
já chegou. O império americano já não é mais absoluto. E
o nosso “paraíba” viu isso antes de todos nós. A prova disso
é a diversificação dos parceiros comercias que o
Brasil tem buscado desde o início de seu governo. O estreitamento de
laços com Cuba, Venezuela, Bolívia, os
países da África, BRICS, etc.
Agindo como
bom mineiro, nosso “paraíba” vem comendo pelas beiradas.
Resultado
disso tudo, o comércio com os EUA e a Argentina (o
eunuco dos americanos na AL) já não nos são fundamentais como
eram há uma década. Por isso ele, o “paraíba” pode se dar ao
luxo de falar o que pensa e, principalmente, dizer àqueles que nos
colonizam há cinco séculos que a nossa hora chegou.
João Figueiredo faz escola na América do Norte.
Assim que o general de plantão João Batista Figueiredo
assumiu o cargo, em entrevista, ele declarou: “Eu vou implantar a
democracia neste país e quem não concordar eu prendo e arrebento”.
Eu não conheço frase que defina melhor o ideário político
americano.
O conceito de
democracia dos americanos poderia ser classificado de ingênuo se não
fosse maquiavélico. Democracia para eles é tudo aquilo
que é exatamente igual a eles e que serve exclusivamente a eles.
Basta ver as lambanças no Vietnã e no Iraque. Querer
que o mundo islâmico ou o mundo oriental tenha a mesma
forma de organização política que o mundo ocidental,
ou é ignorância cultural ou é oportunismo comercial.
Todos sabemos
da importância que a indústria armamentista e a indústria
petrolífera têm para os EUA. O que foi feito no Iraque,
com a deslavada mentira sobre armas químicas, foi feito com o
objetivo puramente econômico. Movimentar a indústria
armamentista, que os países aliados ajudaram a financiar, e
botar a mão, Bush e Dick Cheney, no petróleo
iraquiano. Agora a bomba evoluiu de química para
nuclear, mas o objetivo é o mesmo.
O que os
americanos não contavam é que um “paraíba” do terceiro
mundo levantasse a sua voz e dissesse ao mundo que não
acredita em papai Noel e nem em coelhinho da páscoa. Que
essas desculpas descaradas não colam mais. Se quiserem invadir o
Irã, terão que contar outras lorotas para os “trouxas”
de plantão.
O principal
motivo de histeria da secretária americana é que o “paraíba”
além de ter desmascarado o discurso de “salvadores da paz no
planeta” dos americanos em relação à “bomba” iraniana,
ainda por cima conseguiu acesso ao petróleo iraniano. Para
isso ele não precisou disparar nem um só tiro. E Hilary sabe
que, daqui para frente, o abastecimento energético de
seu país passará necessariamente por um acordo com o Brasil.
• A expressão “paraíba” é usada pelos cariocas para se
referir aos imigrantes nordestinos, de maneira genérica
e pejorativa. Aqui a expressão é utilizada para
realçar os preconceitos sofridos pelo presidente Lula, seja da
parte da direita internacional, seja da parte dos
acadêmicos maniqueístas no Brasil.
Carlos
Eduardo Cardoso - 2010
|