Carlos Eduardo Cardoso
A Demografia e a Geografia
“Quando o
mundo acabar, vou subir
naquele morro e ouvir as notícias
pelo meu radinho de pilha.”
Chico, meu irmão, aos nove anos de idade.
Os Cientistas são unânimes em afirmar que estamos Sós
no universo. Aparentemente não existe a possibilidade de
encontrarmos vida inteligente em qualquer outro recanto deste vasto
mundo, que não seja no nosso planetinha. A conclusão natural desta
constatação é que deveríamos Cuidar bem da Vida.
Protegê-la. Mas, se o homem é um ser racional, não é
verdade que o coletivo de homens o seja. Para citar apenas as
ameaças mais recentes ao futuro da humanidade no planeta, podemos
nos lembrar da ameaça atômica, durante a guerra fria, e atualmente a
ameaça ecológica.
Sobre o
primeiro ponto, muito já se falou e ainda se fala e se discute. Mas
quero chamar a atenção para o segundo tópico, sobre o qual as
discussões ainda estão bastante acaloradas. Que a atividade do homem
causa dano ao planeta, todo mundo concorda. O que se discute
é se a intervenção do homem é decisiva para as mudanças climáticas
que estamos observando e para as que estão em curso, segundo os
cientistas.
Durante a
minha juventude, fazendo coro à minha geração, fui um
entusiasmado defensor do socialismo, por tudo que ele trazia
em prol da humanidade. Até hoje, o “meu socialismo” ainda é
aquele que povoou o mundo onírico da geração anos sessenta. Mas o “sonho
acabou” e uma nova ordem mundial veio como uma tsunami
avassaladora perverter as consciências de todo o planeta, como o
canto da sereia ulissiana. Ulisses resistiu, mas a
humanidade não é racional, apenas o ser humano o é.
Os meios de
comunicação de massa, ou melhor, as pessoas que os manipulam
sabem disso.
Diante da
TV assisto pasmo ao descarado aproveitamento da
irracionalidade das massas pelos espertalhões. Acreditem os
senhores que o Jornal Nacional, da tv Globo, chegou a “informar”
que, para combater a falta de água no planeta, o cidadão deve fazer
xixi no chuveiro. O mesmo jornal que cobra fortunas para que
os anunciantes nos impinjam produtos dos quais não necessitamos.
Já os “cientistas”
europeus disseram ao mundo que o xis do problema é o (acreditem!!!)
pum da vaca brasileira, sim porque a vaca européia não
solta pum. O que salta aos olhos é a apropriação do tema em
questão para os objetivos estratégico-econômicos dos diversos
povos. A China já foi acusada como comparsa do pum da vaca
e por aí vai. Mas você nunca vai escutar um “cientista”
europeu acusar uma indústria química alemã, uma
montadora de carros italiana e etc.
Simultaneamente vemos o trabalho das ONGs buscando a mudança
de comportamento das pessoas, através da conscientização. O
que se observa do receituário difundido por essas organizações é que
muitas das propostas têm um cunho eminentemente socialista:
responsabilidade no consumo, associações comunitárias para
reciclagem etc.
Estupefato,
constato que não há uma referência ao crescimento demográfico
da população sobre a face do planeta. Estupefato ainda por não ouvir
sequer uma contestação ao sistema capitalista. Um
raciocínio rápido poderá nos mostrar que uma coisa está
intimamente ligada à outra. Como? O sistema capitalista vive de
mercado, uma empresa capitalista busca cada vez mais e
mais mercado.
No estágio
globalizado em que nos encontramos, os mercados estão saturados.
Então a única forma de ampliação do mercado é o surgimento de
novos consumidores. Friamente analisando, para o ideário
capitalista cada pessoa que nasce é mais um consumidor
fundamental à sobrevivência da máquina.
A expansão da
raça humana é, sob todos os pontos de vista, desejável.
Mas a perpetuação da espécie me parece ser o principal objetivo. Até
que apareça um gênio da matemática que consiga me
convencer de que a curva do crescimento demográfico não
vai levar este planeta ao abismo, estarei sentado em frente à
tv esperando a “grande notícia”.
Carlos Eduardo Cardoso
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