Crônicas
Drops de Hortelã
O ônibus
rolava na avenida e lá dentro João relava em Maria.
Maria pensava
no marido que tinha caído no mundo e nunca mais dera notícia. João
estava atrasado e a patroa tinha-lhe dado a marmita fria de manhã
antes de sair de casa.
Drops de
hortelã era a guloseima preferida de João e dele João não se
esquecia nunca, sempre no bolso da calça.
O ônibus Avenida todo dia naquele horário era assim: lotado.
André, o
motorista, todos os dias viajava nas curvas de Maria, pelo
retrovisor. Maria em cima do salto fingindo ajeitar-se chegava mais
em João.
André louco de
ciúmes acelerava, mas o sinal se fechou para ele e estava cada vez
mais aberto para João.
Maria fazia
caras e bocas, ar de distraída e se encostava mais um pouco.
No próximo quarteirão era o ponto de Maria e André irritadíssimo
sabia, por isso acelerou forte e freou de uma só vez.
Com o
solavanco João foi parar em cima de Maria, os dois em cima do motor
do ônibus.
O drops voou
do bolso e explodiu no para-brisa, João todo sem graça perguntou a
Maria:
– Aceita uma
bala?
– Ah! Então
era um drops, vá te catar!
Carlos
Eduardo Cardoso
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