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Crônicas

O 171 da Barata
 

João estava desempregado há bastante tempo, mas não perdia a pose. Sempre gostou de freqüentar bons restaurantes.

Ali nas imediações da Praça Raul Soares tinha um filé à parmegiana que ele adorava.

Na primeira vez funcionou tudo direitinho: Levou a barata na caixa de fósforo e a colocou embaixo do bife quando já estava satisfeito.

Chamou o garçom, fez cara de ofendido e o garçom pediu mil desculpas, mas não quis cobrar a despesa.

Na segunda vez ele já estava senhor de si, pediu dois chopes a mais e lançou novamente a barata. O garçom (que era outro) com cara de envergonhado, pediu mil desculpas e liberou a despesa.

Porém garçom não se esquece facilmente das coisas.

Na terceira vez que João resolveu aplicar o 171, o garçom (que era o mesmo) percebeu e botou o segurança de olho.

João todo inocente se fartou, pediu até um conhaque – estava frio! Na hora H meteu a mão no bolso, olhou em volta e puxou a barata, o segurança deu o bote e aplicou-lhe uma surra daquelas.

No hospital, todo enfaixado, João estava desacordado, quando voltou a si, a primeira coisa que viu no teto foi uma barata e então voltou a desmaiar.

 

Carlos Eduardo Cardoso
 

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