Crônicas
A Bicha e a Balança
João era
farmacêutico e, há uns anos, montou uma farmácia no bairro
Gutierrez.
Construiu um
prédio de dois andares, com um apartamento em cima e a loja embaixo.
Como
ultimamente o comércio anda meio fraco para ele, tem passado às
vezes as noites em claro, preocupado. Os telefonemas da clientela,
no meio da noite, pedindo remédios são comuns.
Na madrugada do último sábado recebeu uma ligação aflita: era uma
bicha conhecida no bairro.
– Ai “Seu”
João, eu preciso que o senhor abra a farmácia.
– Mas para
quê?
– É um caso de
vida ou de morte.
– Está bem! Já
vou.
João, que
estava de pijama,se trocou e desceu.
A bichinha
estava na porta.
– O que foi
minha filha?
– Ai “Seu”
João abre logo! Estou muito angustiada.
João não
discutiu, tratou de abrir a farmácia.
– O que você
deseja minha filha?
– Ai, ui “Seu”
João eu preciso me pesar.
Carlos
Eduardo Cardoso
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