NOSSAS VISITAS |
|
|
|
Crônicas
Jantar à Luz de Velas
– Alô, é da
Cemig?
– Sim. Sim. A Cemig já sabe e está providenciando.
Assim o jantar transcorreu à luz de velas. Na mesa do fundo, João
declarava todo o seu amor a Maria. Elogiava sua beleza. Sua blusa no
grito da moda: cor de burro fugido com buracos aqui e ali. Ansiava
por este momento há tempos.
Degustaram um menu especial composto de sopa de macarrão, pão e um
copo de leite.
– Quanto é, por favor?
– Dois reais.
De mãos dadas, caminharam em direção contrária ao fim da fila, que
dava voltas no quarteirão. Sentaram-se na mureta do mirante do
Arrudas. Observavam enamorados a bela lua desenhar, no tolosco que
boiava no leito do rio, um enorme jacaré-de-papo-amarelo.
Absoluta se impunha a magnífica visão do viaduto da rodoviária com
suas lindíssimas vigas de puro concreto.
– Valadares aí!
– Ipatinga!
– Olha a pipoca!
Depois que passou o vermelhão e antes que passasse o azulão, seus
lábios se uniram num longo e apaixonado beijo, que se ressentiu,
porém, da ausência dos dentes, que haviam se perdido na longa
jornada da vida das ruas.
Carlos
Eduardo Cardoso
|
NOSSA VITRINE |
|
|
|