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NOSSAS VISITAS


 

 

Carlos Eduardo Cardoso

Boléro de Ravel
Atividade Acadêmico Científico Cultural

Coreografia de Maurice Béjart para o Boléro de Ravel, interpretada por Maia Plissetskaia.

 

Justificativa

O advento da internet revoluciona a informação e em conseqüência provoca a mudança de hábitos e de atitudes. Uma das propostas das Atividades Acadêmico-Científico-Culturais é a de capacitar o aluno para a leitura das diversas manifestações sócio-culturais e familiarizá-lo com o ambiente em que essas manifestações ocorrem.

Entendendo que o ambiente virtual tenha se imposto como um dos mais importantes espaços dessas intercorrências, julguei importante incluí-lo no menu dos meus trabalhos para esta disciplina.

Acredito ser impossível ignorar o riquíssimo acervo disponível na rede mundial de computadores, ao mesmo tempo em que seria um desperdício lastimável dispensar a enorme possibilidade que nos é dada de estar em contato com informações e manifestações de toda ordem emanadas de todas as partes do planeta. Além do mais, se é verdade que a sociedade próxima vindoura será a sociedade da informação, é premente que saibamos Explorar Suas Florestas de Saberes.


Béjart e Maia

 

Motivação

Justificativa feita, poderemos ver que há coisas na internet que não podem e nem devem ser ignoradas (muito ao contrário), pois têm muito a contribuir para a nossa formação e, por que não, prazer. É o caso, justamente, do que acontece com o vídeo que escolhemos destacar neste trabalho.

O que veremos aqui é a reunião de três gênios da cultura do Século XX: Ravel, Béjart e Maia Plissetskaia.
 

Em 1961, Maurice Béjart cria uma nova coreografia para o Boléro, que havia sido escrito em 1928 para ballet.

Em 1975, Béjart entrega a Maia Plissetskaia a responsabilidade de execução de sua obra.

Maia, senão a maior bailarina da história, uma das maiores representantes dessa arte o fará com a Maestria que lhe era característica, usando para isso de toda a sua técnica e arte.

Mais tarde, esta coreografia foi popularizada pelo bailarino Jorge Donn, no filme Retratos da Vida, de Claude Lelouch em 1981, e em apresentações mundo afora, inclusive uma realizada no Aterro do Flamengo no Rio de Janeiro.
 


Jorge Donn, dançando o Boléro

 

A cenografia também participa na criação de condições para que o vídeo (ou o ballet) consiga o extraordinário resultado, como veremos. A escolha de um tablado redondo, significando a Terra e o foco mínimo de luz na bailarina são exemplo disso.

Para esta composição minimalista (o ritmo constante para uma única frase musical), pensada para a dança - Ravel dizia que não a compreendia sem o acompanhamento da dança - Béjart pensou uma coreografia que, baseada na economia cênica – apenas um tablado redondo (o planeta Terra) a alguma altura do chão, uma bailarina solo e nenhuma luz em volta, com um mínimo de luz no foco e alguns coadjuvantes em seu entorno -, possibilitasse a maior gama de expressividade possível.

Desta forma, a bailarina se veste de uma calça de malha preta (que desaparece no fundo escuro do cenário) e uma malha cor da pele que sobressai o busto. Podemos perceber nitidamente que a parte de baixo do corpo da bailarina (vestida de preto e invisível) representa o ritmo da melodia, ritmo este constantemente marcado e impulsionado pelos pés, enquanto que a parte de cima do corpo (iluminada pela malha cor da pele) executa a frase musical superposta ao ritmo constante e crescente da peça.

A expressividade de Maia (que é saudada nos meios artísticos com um: Ave Maia!) propicia que a mensagem idealizada por Béjart consiga ser lida pelos espectadores de forma clara e emocionada.
 

Roteiro Possível de Leitura

Do início do vídeo até 1.16 s podemos observar um show de técnica de Maia com os braços, talvez o seu grande diferencial.

Os braços da bailarina parecem feitos de borracha e dão a impressão de serem mais leves do que uma pluma. A seguir ela une os braços à frente do corpo, abrindo as mãos em direções opostas e começa a marcar o ritmo (tendo em vista a importância deste movimento como contraponto ao discurso coreográfico, dar-lhe-emos o nome de martelo), como se quisesse empurrar alguma coisa de volta ao solo, alguma coisa forte (a energia da natureza?!) que precise ser controlada, assim como o é o ritmo ascendente da canção.

A saudação ao espectador (1,47 s), com o gesto de abertura dos braços, como quem tira alguma coisa do seu peito e lança ao outro, os braços levantados e as mãos quebradas em V convidam ao vôo, vôo que só a arte pode propiciar.

A seguir, os braços novamente erguidos – braço e antebraço em 90º - os antebraços em movimentos que parecem querer (convidando o espectador a) desbravar a floresta da imaginação.

O rodopio, para conclamar a todos, e o abraço para mostrar que a viagem da arte é fraternal, e quando os braços vão subindo e apontando para o céu, Béjart quer dizer que a arte e a fraternidade são formas de se iluminar e de atingir as alturas etéreas.

Os movimentos laterais (3,06 s) parecem dizer que a “viagem” será atribulada.

Um “martelo” invertido aos 3,32 s voltado para o céu – seguido de outro para o chão nos dizem da necessidade de dominar tanto as forças da terra, como as oriundas do espaço infinito.

Aos 3,40 s o mais belo movimento de todos, os braços de borracha (ou de boneca de pano) de Maia conseguem nos mostrar a nossa incapacidade perante todas essas forças que vimos até aqui tentando colocar ao nosso serviço, quais sejam: as forças da natureza.
 

Mas o homem não pode parar, ele tem que viver a sua vida de ser social, então ele se expressa, ele se dá ao outro, como demonstra o belíssimo movimento do 4,26 s. Ele se dá à natureza, ao outro e principalmente a Deus (4,42 s). Mas ele pede em troca a sua sobrevivência, a comida (5,04 s).

Pela primeira vez, as pernas acorrem em socorro ao busto da bailarina para dizer que o homem vai andar sobre a terra e nela se espalhar (5,23 s). Nela vai se encontrar e dialogar com o outro e com Deus também (5,35 s).

Continua a viagem, com os antebraços desbravando agora a floresta humana, tentando a fraternidade entre os povos (6,20 s). Um braço erguido e o outro abaixado rente ao corpo, as duas mãos em 90º (7,00 s), o masculino e o feminino e a possibilidade da vida paradisíaca, metaforicamente mostrada através dos movimentos tradicionais da dança clássica (de 7,08 a 7,15 s).

Agora o braço que estava rente ao corpo se eleva, formando par com o que estava erguido.

Já que há um par, aparece a sensualidade (7,33 s), a faceirice (7,34 s), a leveza (7,35 s), mas o giro de 180º informa que esses sentimentos devem ser direcionados para todas as pessoas.

A partir de 8,17 s somos convidados a seguir este caminho, que nos levará ao aconchego humano e de Deus – percebamos que o ritmo da canção está ascendente. Os braços se erguem, com a mão em 90º, alternadamente ou juntos.

A confraternização se fará: ora com um, ora com outro, ora com todos juntos. Vamos! Conclamam os braços (9,16 s), não é difícil, diz a bailarina em um pé só, a girar. É preciso reconhecer o terreno (9,54 s) e dar graças aos céus (10,04 s).

Vai haver dificuldades, tristeza e melancolia (10,52 s) – outra passagem das mais belas de Maia com os braços erguidos tremulando dão a nítida impressão de melancolia. A seguir reafirma a disposição de viver a vida e conclama a todos para os exercícios da felicidade.

A seqüência final é a afirmação da arte como a consubstanciação da essência da vida e da felicidade, tendo em vista que a maior parte dos movimentos realizados é proveniente do Ballet Clássico, pontuados por posturas emblemáticas, como a exaltação da terra e do céu como referências viscerais para a vida e um “Cristo crucificado no solo” (13,08 s).
 

Informações Complementares


 

Joseph-Maurice Ravel, compositor impressionista francês fã de Mozart e influenciado por Debussy tem no Boléro sua maior obra. Encomendada pela bailarina Ida Rubinstein, estreou na Ópera Garnier-Paris, em novembro de 1928. Ravel era de opinião que a música é emoção e somente através dela pode ser entendida. A composição tem uma estrutura mínima: o mesmo ritmo e uma única frase melódica, o que faz dela a “perfeição musicada” e o arranjo crescente que o compositor imprimiu, com o acréscimo contínuo de instrumentos rumo ao Clímax.

Justamente Considerada uma das Mais Belas Obras da Música Erudita.

 

 

Maia Plissetskaia, Bailarina Russa, nascida em 1925, é uma das maiores lendas da dança mundial. Estrela do Ballet Bolchoi por muitos anos, demonstra esplendorosa técnica, característica da escola russa, patenteada pelo maior de seus corpos de baile, o Bolchoi.

 

 

Maurice Béjart nasceu em Marselha, França, em 1 de janeiro de 1927 e morreu em 22 de novembro de 2007, na Suíça. Formado em Filosofia, iniciou-se na dança aos 14 anos na dança e se firmou como o Maior dos Coreógrafos de seu Tempo. Buscando aproximar o Ballet das grandes massas, buscou formas mais arrojadas e extremamente plásticas para as suas coreografias.

 

Outras Coreografias de Béjart

 

 

Le sacre du printemps de Stravinsky, coreografado por Béjart

Fragmentos de um Discurso Amoroso, de Roland Barthes, coreografado por Béjart
 



 

 

Lomadee, uma nova espécie na web. A maior plataforma de afiliados da América Latina.

 

Fonte: vídeo disponível no Youtube.

http://www.youtube.com/watch?v=iUlR5QFny9M&feature=related

 

Google Imagens. Maurice Béjart. Disponível em:

<http://www.google.com.br/search?q=maurice+b%C3%A9jart&hl=pt-BR&prmd=imvnso&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=FUbyTpC0L-Ly0gHvwNHBAg&sqi=2&ved=0CDIQsAQ&biw=1280&bih=909#q=
maurice+b%C3%A9jart&hl=pt-BR&sa=X&tbm=isch&prmd=imvnso&bav=
on.2,or.r_gc.r_pw.,cf.osb&fp=1&biw=1024&bih=681>

 

Google Imagens. Maia Plissetskaia. Disponível em:

<http://www.google.com.br/search?q=maia+plissetskaia&hl=pt-BR&prmd=imvns&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=
s0LyTqaFIoeztwe2xuTPBg&sqi=2&ved=0CEMQsAQ&biw=
1280&bih=909#q=maia+plissetskaia&hl=pt-BR&sa=X&tbm=isch&prmd=imvns&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.,
cf.osb&fp=f95b78e6a7b7afdf&biw=1024&bih=681>

 

Wikipedia. Bruno Linhares. Disponível em:

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Bolero_(Ravel)>. Acesso em: 22.12.2011.
 

 

UOL Educação. Maurice Béjart. Disponível em:

<http://educacao.uol.com.br/biografias/maurice-bejart.jhtm>. Acesso em: 22.12.2011.

 

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